Matéria redigida por Irineu Franco Perpétuo (Folha de São Paulo) em 05/12/1999.
Regido por Roberto Farias e Daniel Havens, grupo toca de Villa-Lobos à trilha de "Guerra nas Estrelas".
A orquestra brasileira que mais se dedica à música contemporânea está celebrando dez anos. A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo faz o concerto de comemoração hoje, na Sala São Paulo. A apresentação será conduzida pelo regente titular da banda, Roberto Farias, e pelo regente-adjunto, Daniel Havens.
É do próprio Havens a obra que abre a apresentação: "Festival Overture", seguida por uma transcrição para banda sinfônica da suíte do musical "West Side Story", de Leonard Bernstein.
Em seguida, Roberto Farias sobe ao palco para reger uma transcrição de dois movimentos das "Bachianas Brasileiras nº 4", de Villa-Lobos; "Music for Hamlet", suíte para a peça de Shakespeare do compositor norte-americano Alfred Reed; e, encerrando o programa, uma seleção de trechos da trilha sonora de John Williams para os filmes "Guerra nas Estrelas" e "O Império Contra-Ataca".
Síntese
Formado apenas por autores do século 20, o programa de hoje faz uma espécie de síntese do que têm sido as atividades da banda desde sua fundação, em 1989.
O conjunto, que já encomendou 30 peças para autores brasileiros e de alguns outros países da América Latina, realiza estréias latino-americanas de obras para esta formação em quase todos os concertos que faz.
E, para estimular ainda mais a criação de obras que pretende incluir em seu próprio repertório, a banda está lançando seu primeiro concurso de composição.
Aberta a compositores brasileiros -e a estrangeiros radicados no Brasil há pelo menos um ano- a competição terá duas eliminatórias, ao vivo. O evento deve acontecer no segundo semestre do ano que vem, com a final prevista para dezembro de 2000.
Sopros e percussão
Para que não haja mal-entendido: uma banda sinfônica não tem nada a ver com aquelas bandas de coretos de pracinha das cidades do interior. "É uma orquestra de sopros e percussão", define o maestro Roberto Farias.
Se, em uma orquestra convencional, o instrumentista mais importante é o "spalla" (o líder dos violinos), em uma banda sinfônica a proeminência é do líder do naipe de clarinetas.
Sediada na Universidade Livre de Música, a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo ensaia alternadamente na Oficina Cultural Oswald de Andrade e no Memorial da América Latina. E é também no Memorial que acontece a maior parte das apresentações da banda (neste ano, foram cerca de 40, incluindo turnês pelo interior do Estado).
Formada por 85 músicos, a banda cumpre uma rotina de três ensaios por semana -número que se intensifica às vésperas dos concertos.
O ponto alto de sua história aconteceu em 97, quando foi convidada para a 8ª Conferência da Associação Mundial de Bandas Sinfônicas, realizada na Áustria -ocasião que aproveitou para gravar um CD ao vivo, ainda não lançado.
"Recebemos um convite para voltar à Áustria no ano que vem", conta Farias. "Também fomos chamados para o Festival Alpino, na Suíça, e para o Festival de Karkrade, na Holanda. Mas todos os nossos projetos para o ano 2000 ainda dependem de verba".
Outra pendência é o CD comemorativo dos dez anos da banda -que já deveria ter saído, mas está atrasado devido a problemas com a liberação de direitos autorais de algumas obras.
Por enquanto, a carreira fonográfica comercial do conjunto fica restrita ao disco "Fantasia Coral" (editora Paulus), com obras de Amaral Vieira.
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