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Foto do escritorMaestro Roberto Farias

Grupos Artísticos - O clamor silencioso!

Atualizado: 25 de fev. de 2021

JCI - Jornal Comércio e Indústria - Cubatão, Vale das Artes - 2018.

Em quase cinco décadas de uma trajetória de muita música e movimento, Cubatão vive o mais longo período de paralisação das suas atividades artísticas. A tragédia anunciada de 23 de maio de 2018, com a decretação da Inconstitucionalidade da Lei n. 3232, de 4 de abril de 2008, que regia os Grupos Artísticos de Cubatão, foi recebida na época como mais uma das situações adversas por que passa a cultura neste país, fazendo-nos acreditar que a solução – na época vista como uma simples adequação a um novo modelo de gestão, já adotados por vários dos organismos artísticos em todo o Brasil – estava bem próxima de nós.


No que pese o empenho da classe, com o apoio irrestrito da Câmara Municipal e de entes da Administração Municipal, 23 de setembro chegou e com ele o fim do prazo dos cento e vinte dias determinado pela Procuradoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo para a regularização da situação no que concerne ao sistema de remuneração dos integrantes dos Grupos Artísticos e não propriamente o modelo de funcionamento desses organismos. São oito meses de paralisação oficial, todavia com ações pontuais, de forma voluntária, de alguns dos Grupos Artísticos, que têm colocado acima de tudo o ideal, fazendo com que a cidade não se distancie da sua vocação artística: a música, o teatro e a dança.


Em meados de 2018 tínhamos a impressão de que havíamos encontrado a solução, como na realidade encontramos, alimentando o otimismo de que a paralisação estava fora de cogitação, o que nos sinalizava os avanços nos estudos realizados pelo Grupo de Trabalho instituído na Câmara Municipal, integrado por representantes do Jurídico do Legislativo e do Executivo e representantes dos Grupos Artísticos. Finalmente aconteceu a paralisação, por conta dessa decisão judicial e beiramos aos 250 (duzentos e cinquenta) dias de um “clamor silencioso” à espera dessa solução. São 80 músicos da Banda Sinfônica, 60 da Banda Marcial, 50 do Coral Zanzalá, 12 do Grupo Rinascita, 35 da Cia. de Dança e Corpo Coreográfico, Corpo Técnico do Coral Raízes da Serra, 9 Regentes (entre titulares e assistentes), 33 Orientadores de Música e Dança e Coordenadores do Programa BEC, 20 da Equipe Técnica de Apoio (entre arquivistas, montares, assessores culturais e produtores), impedidos de exercer as suas atividades, além de mais de 350 munícipes, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos privados da sua formação e aprimoramento artístico.


A cidade se tornou mais triste e com as datas comemorativas passadas em branco. Espaços conquistados no cenário artístico nacional ao longo dessa trajetória vão sendo perdidos, como o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão e Concertos Matinas da Sala São Paulo, Tocando Santos, além da participação oficial em festivais em nível nacional e internacional, onde os Grupos Artísticos tem elevado o nome da nossa “Bem amada Cubatão”, sem contar com a programação de concertos e apresentações regulares no Centro – Bloco Cultural e Parque Anilinas – e nos bairros da Cidade.


Aguarda-se por um Chamamento Público, em fase de tramitação na esfera jurídica do Executivo, onde uma Organização da Sociedade Civil (com um orçamento reduzido a 1/3 daquele praticado durante os primeiros oito anos da vigência da lei) deverá assumir a gestão dos Grupos Artísticos. Tenhamos fé!


Com a palavra os nossos gestores!

Cubatão, Vale das Artes!


por Maestro Roberto Farias (Coordenador dos Grupos Artísticos de Cubatão)

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